Slow life
, 30.05.17
Porque é que temos todos a sensação que os dias passam a correr? Que as semanas passam depressa demais? Que os anos desaparecem num instante?
Porque é que temos todos a sensação que ainda ontem éramos adolescentes e de repente temos um mundo de responsabilidades? Porque é que saímos de casa cedo, à pressa, e chegamos tarde, à pressa?
Onde é que vamos sempre, com tanta pressa?
Porque é que os nossos filhos, que ainda ontem estavam na nossa barriga, já nos chegam ao ombro?
O que é que aconteceu aos dias, às horas, aos segundos?
O que é que ganhamos com a correria diária, o viver para o trabalho?
Não sei responder. Mas sei que ninguém tem tempo para nada. Ninguém tem tempo para um café, para conversar. Para estar sentado no parque, sem fazer nada - só a ouvir o vento. Ninguém tem tempo para ler um livro, ou para reparar nas cerejeiras, carregadas de fruta.
O tempo. Sempre o tempo.
O tempo é o tesouro da nossa sociedade. É um luxo termos tempo.
E muito possivelmente, vivemos melhor com menos e com mais tempo.
Trabalhar menos - o suficiente para termos os bens essenciais - e aproveitar mais.
Ter tempo para aproveitar a vida.
Não precisamos de uma casa magnífica e roupa de marca se não temos tempo para olhar para as ondas do mar. Ou para ouvir o que se passou hoje na escola do miúdo. Não vale a pena passarmos dias a fio a trabalhar para termos toda a tecnologia de ponta em casa se só lá vamos para dormir. Não compensa sair de casa de madrugada e voltar ao fim do dia se não conheço os meus filhos, se nunca falei com os meus vizinhos, se não me lembro que dia é hoje e nem me apercebo que já estamos quase nas férias de verão ( e ainda ontem era natal).
É isto que se passa por aqui. Uma tentativa de viver melhor. Tirar coisas que não precisamos, trabalhar o essencial, comprar menos, estar com quem amamos.
Desligar mais desta vida acelerada. Respirar fundo. Ter tempo para a vida. Ser mais feliz.