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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

Confissões de uma médica: os verdadeiros heróis

Avatar do autor , 16.05.19

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Sou uma médica chata. Daquelas que repete muitas vezes a mesma coisa. Em particular, quando chegamos ao 3º trimestre de gravidez, faço questão em repetir em todas as consultas antes da grávida/casal/família sair a mesma lengalenga:

 

"Por favor estejam atentos aos movimentos do bebé - é a maneira de sabermos que ele está bem. E se houver perda de sangue ou de líquido, contrações de 10 em 10 minutos durante 1 hora, dores de cabeça fortes, alterações da visão, inchaço súbito das face ou outros sintomas fora do normal, façam favor de vir à urgência o mais depressa possível para confirmar se está tudo bem".

 

Há que me diga que prefere não incomodar.  Que, às tantas, é algo sem importância e só vem preencher a urgência. Eu digo que prefiro que as minhas grávidas sejam chamadas de "chatas" e que não seja nada, do que fiquem em casa e haja algo sério. Com a saúde de uma mãe e de um bebé não se brinca.

Acho que acabo por passar a mensagem. E ainda bem.

 

Por isso, quando recebo uma chamada às 2:00 da manhã, sei que é algo importante. Sei que aquele pai, que me liga com voz assustada, que viu a mulher a perder sangue, às 37 semanas de gravidez, e com uma dor que não parava, se lembrou do que eu disse. E que não hesitou e literalmente voou a caminho do hospital, para conseguir chegar o mais rápido possível com a mulher e o filho em segurança ao local onde pudesse receber ajuda. Que me ligou a perguntar se estava a fazer bem, mas no seu interior já sabia. E já estava a caminho do local certo, no timming certo.

 

Já sabia que agir rápido era o que era preciso fazer.

 

Saber o que fazer faz mesmo a diferença. Aquele pai salvou mãe e filho de um descolamento de placenta.  Entrou no momento certo, encontrou a equipa à sua espera e em pouco tempo, com uma cesariana emergente, viu nascer o seu filho, e viu a sua mulher ficar bem - e a confirmação de que mais de metade da placenta estava descolada e que as vidas de ambos estiveram por um fio.

Este pai é o verdadeiro herói, porque conseguiu ter sangue frio e lembrar-se daquela lengalenga que a chata da médica obstetra repetia no final de todas as consultas. 

 

(E o que eu adoro ser uma médica chata e poder ajudar a que no final, tudo corra bem!)

Craque

Avatar do autor , 07.05.19

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É isto. Acorda a sonhar com bola, joga à bola todo o dia, vai aos treinos e ainda termina a dizer ‘Mas mãe! Joguei tãooooo pouco hoje! Posso ficar mais um bocadinho a jogar com os meus amigos??? Por favor!!!!”
Pois claro, vou ficar até às 11 da noite à espera que te fartes de bola....not!
Esta coisa de crescerem e quererem seguir o seu próprio caminho não é fácil.

 

Se ao menos o clube do coração fosse o Sporting como a mãe e não o Benfica do pai, podíamos negociar muito mais ;)

 

 

As verdadeiras razões porque os médicos se atrasam nas consultas

Avatar do autor , 06.05.19

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Gosto de chegar a horas a todo o lado. Aliás, sempre tentei chegar um bocadinho antes do combinado aos meus compromissos.

Gosto de ter tudo organizado, e acho que a maternidade ainda fez com que viva o meu dia a dia com um horário mais apertado e sem grande margem de manobra entre escola, trabalho, refeições, ginásio, futebol, ginástica e afins.

Mas sei que há coisas que não consigo controlar.

E aprendi com o tempo que tenho de ser flexível e adaptar-me, para poder ser a melhor mãe possível, a melhor médica possível, o melhor ser humano possível.

 

Por isso, quando alguém entra no meu consultório para uma consulta de rotina, e ao fim de uma ou duas perguntas sobre a sua saúde começa a chorar convulsivamente sem motivo aparente, sei que tenho de desligar o meu cronometro mental daquela consulta. Sei que muito possivelmente os 20 ou 30 minutos previstos podem ser insuficientes. Sei que quando alguém me abre o coração, mesmo não sendo psicóloga ou psiquiatra, tenho a responsabilidade de como pessoa a ouvir - porque muitas das vezes os nossos problemas de saúde são as nossas angústias e histórias mal resolvidas guardadas bem lá no fundo.

Ela contou-me em lágrimas a história da família: a avó que foi abandonada à porta de uma família rica, que se tornou criada e se apaixonou por um dos filhos do dono da casa. Como tiveram de fugir juntos para poderem ser felizes. Como ela queria uma história de amor parecida mas tinha tido um final exatamente contrário ao que sonhava. Como os filhos não tinham chegado, e agora era preciso decidir se queria desistir de tentar ou inspirar fundo mais uma vez e desafiar a vida.

 

É preciso tempo para ouvir para conseguirmos ajudar na saúde, e nem sempre é possível cumprir tempo e sermos rigorosos.

 

Claro que depois há consultas que demoram mais por outras razões.

Quando a assistente me diz que a proxima utente fala uma língua estranha, não me preocupo porque suponho que quase meio mundo fala inglês. Ou francês. Ou espanhol. E nesses campos acho que me desenrasco bem, mesmo que nalgumas vezes longe da perfeição. Mas quando vejo entrar uma senhora de olhos rasgados que só repete "Japan! Japan!", começo a ficar preocupada. Traz algumas frases escritas em inglês num papel que alguém terá ajudado a elaborar, onde se percebe que está com dificuldade em engravidar.

Ok, percebo o motivo da consulta, mas não é fácil avançar sem comunicação oral.

Por isso, passamos a consulta entre gestos e o Google translator, alternado ingles-japones-portugues e risos da pequena japonesa de 3 anos que acompanhava a senhora, a primeira filha.

 

Bom algum dia iria fazer uma consulta a uma japonesa sem perceber patavina dessa misteriosa língua - e hoje foi o dia!

Mas toda esta logística faz com que a gestão da agenda se torne subitamente caótica e a partir daí funciona o modo bola de neve - sempre a piorar o atraso.

Por isso, deixo um pedido de desculpas gigante a todos os que têm de esperar à porta do meu consultório mais tempo do que era suposto - porque afinal de contas os médicos não são robots e tentam dar o seu melhor com cada paciente.

Fomos ao Zmar

Avatar do autor , 05.05.19

Há lugares onde desejamos regressar sempre. Uma e outra vez. E o fim de semana do dia da mãe foi a oportunidade perfeita para regressarmos ao Zmar Ecoresort.

Um lugar onde nos podemos desligar das preocupações e aproveitar o espaço para caminhar, nadar na piscina de ondas, aproveitar o sol, brincar, conversar com os amigos com tempo, dormir uma sesta debaixo dos sobreiros depois de um piquenique.

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Estes foi também um fim de semana com muitas atividades para pais e filhos - desde yoga a workshops de culinária com o chef Chakall, passando pela palestra sobre Saúde da Mulher onde esclareci as dúvidas dos presentes e deixei dicas de bem estar. No Zmar cada um escolhe o seu ritmo, e na calma do Alentejo, há tempo para tudo o que nos apaixona.

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Os sobreiros acolheram o nosso piquenique entre amigos, deram-nos boas energias para conversar e brincar, e tempo para dormir uma boa sesta. Adorámos estar com as famílias da Raquel, da Rita, da Catarina e da Joana - os miúdos tornaram-se inseparáveis!

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Boa comida, muitos mergulhos, muitos sorrisos. Mimos para a mãe e muita vontade de voltar mais uma vez, foi assim o nosso fim de semana no Zmar. Se não conhecem, não podem perder.

Vejam mais no nosso instagram.

 

 

Às mães.

Avatar do autor , 05.05.19

Captura de ecrã 2019-05-05, às 13.14.54.png

 

Eles chegam de mansinho, enquanto mudam o nosso corpo de forma extraordinária. Fazem uma chegada triunfal no momento do parto mas precisam de tempo para se adaptarem à nova vida. Quando regulam sonos e comida, desafiam-se constantemente com novas aprendizagens. E crescem. E mudam. E crescem. E têm opiniões e fazem as suas escolhas. E querem voar. E nós, mães, estamos sempre por perto para os orientar, para lhes dar a mão, para os ajudar, para os ensinar ou para os repreender se necessário.


Quando nasce um filho, nasce uma mãe.


E é um trabalho para a vida, com upgrades constantes e sem formações prévias obrigatórias.
Não é nada fácil. Temos de nos reinventar e descobrir novos caminhos. Cometemos erros e mudamos estratégias. Duvidamos de nós. Mas nunca desistimos, e sabemos que no nosso coração os nossos filhos estão sempre em primeiro lugar.


Feliz Dia da Mãe a todas as mães, que todos os dias dão o seu melhor nestes desafio diário que é ter filhos!

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