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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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E o tempo para educarmos os nossos filhos, onde está?

Avatar do autor , 23.10.15

Não está contemplado em nenhum contrato de trabalho nem em nenhum programa curricular aquele tempo que os pais deviam ter obrigatoriamente com os filhos só pelo simples facto de serem pais. Não vem escrito nos livros de matemática e de português dos miúdos, depois dos últimos exercícios da página "Agora, tempo livre para estares com os teus pais, para fazerem o que entenderem". Não está estipulado no código de trabalho o tempo para educar os filhos, como estão horas obrigatórias anuais de formação, licenças para mestrados ou doutoramentos, ou até para acumular funções de docência. E nesta sociedade fast-food, em que tudo é para "agora", é praticamente impossível gerir eficazmente família e trabalho. Não há tempo.

Para a maioria das famílias, o despertador toca antes do sol nascer e a correria começa: não há tempo para um pequeno almoço em família e leva-se qualquer coisa para comer no caminho, não há tempo para espreitar à janela para ver se chove ou não e consulta-se a app da metereologia, não há tempo para conversar porque é preciso vestir, pegar nas mochilas e correr para o carro - e para as filas de trânsito. Os pais passam o dia no emprego, os filhos passam os dias nas escolas, ATLs e afins. E quando se encontram, já o sol se pôs, ainda é preciso acabar TPCs, um relatório mesmo importante do trabalho, e é preciso dar banho aos miúdos, fazer o jantar (ou pôr no microondas uma qualquer comida pré feita, carregada de açúcar e gordura porque não há tempo) e pôr os miúdos na cama, porque se diz que deviam dormir 12 horas por noite para crescerem saudáveis (apesar de se levantarem sempre às 7h e irem para a cama depois das 22h).

E num instante passam-se semanas, meses, anos. Neste corre-corre os miúdos tornaram-se adultos, dependentes de tecnologia e fast-food, que mal falam com os pais, não conhecem os vizinhos e só têm amigos e paixões pelo facebook. São óptimos a matemática e a português, mas não sabem cozinhar, não fazem ideia de onde vêm os legumes, não imaginam como se remenda uma camisa, não sabem andar de bicicleta sem rodinhas nem saltar à corda e muito menos fazer a roda, nunca mais abriram um livro verdadeiro, daqueles mesmo de papel, porque passam o tempo a jogar nos telemóveis e tabletes.

E como estamos todos num ritmo tão acelerados, não vemos isto, e acreditamos todos os dias que estamos a fazer o melhor, porque damos o melhor no nosso emprego, pomos os nossos filhos nas melhores escolas, damos-lhes a melhor tecnologia.

Só não lhes damos o que eles precisam mais: tempo. Porque também nao nos dão a nos esse tempo. O tempo é um luxo nos nossos dias. Um luxo que todos merecíamos. E para começar a mudança, devíamos exigir tempo para educar os nossos filhos, porque são eles o futuro.

 

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