Está aí o Outono. Os dias estão mais frescos e alternamos entre chuva e trovoada e um sol tímido. Acho que não chegamos a ter verdadeiramente verão (ou só tivemos poucos dias), mas às tantas já sabe bem este tempo assim. Ontem deu para dormir a sesta, ler um livro no sofá enquanto chovia torrencialmente, e dar um passeio pelo campo para ver os frutos de outono, à tarde, quando o sol espreitou. Eles gostam destes passeios. E adoram romãs. Está na altura de começar a arrumar a roupa quente e ir tirando do armário galochas e casacos. Devagarinho, que às tantas ainda vem por aí o calor, e nunca dizemos que não a um dia de praia.
Tivemos a sorte de ter um sábado de sol - e por isso, a festa de aniversário dos 6 anos da miúda correu lindamente. Deu para mergulhos na piscina, saltos no insufláveis, andar de bicicleta e brincar no parque. O tema foi o fundo do mar e as sereias, mas concretamente ela queria que nos inspirássemos na Barbie Sereia das Pérolas. Por isso, arranjamos inspiração aqui, e encontrei este site, com coisas que deram muito jeito para dar um toque especial à festa. Passámos algumas noites ( eu e o pai) a imprimir, cortar e colar, e o resultado final ficou giro! (deu trabalho, mas compensou, pela cara de felicidade dela durante todo o dia!)
Amanhã é dia da festa da sereia cá de casa, que isto de se fazer anos a meio da semana não dá para grandes comemorações (agora a escola é a sério!). A ver se o São Pedro acorda bem disposto e nos manda sol, porque queremos água, mas para nadar, na piscina - nada de chuvadas e trovoadas, se faz favor! Ela diz que não faz mal se chover - assim parece mesmo uma festa do fundo do mar! Entretanto, já temos bolo e cupcakes, ao tema da festa - vou ter de os guardar num sítio MUITO ALTO até amanhã, senão cheira-me que não sobra nem um!
Desde pequenos que aprendemos que há profissões que garantem uma boa qualidade de vida. Que nos permitem ter uma casa com jardim e piscina, empregada interna e cozinheira, um carro topo de gama, passar férias em destinos paradisíacos e ter os filhos nos melhores colégios. Vestir roupas de marca e ter tecnologia de ponta.
E que se não temos jeito para futebolistas, então o melhor é sermos médicos.
Toda a gente sabe que o senhor doutor tem um carro dos bons e passa sempre férias no estrangeiro. Que se veste bem e que tem os filhos na melhor escola.
Mas na verdade, o senhor doutor trabalha em média 40 horas no hospital e faz várias urgências extra por falta de pessoal – e tem um horário incompatível com a escola pública, por isso não tem outra hipótese se não ter os filhos num colégio, para os poder ir buscar mais tarde. Pelas 40 horas (depois de 6 anos de curso, 1 de ano comum e entre 4 a 6 anos de especialidade), e porque é funcionário público e tem direito a todos os cortes, recebe em média 1400 euros. Para conseguir manter os filhos no colégio (e sustentar o resto das despesas, como a casa e o carro) trabalha em mais três outras clínicas. Como já tem 40 horas de trabalho no hospital, tem de fazer consultas depois de sair de urgência, e ao fim de semana. Ou ao fim da tarde, depois do horário de trabalho no hospital. Chega a casa tarde e cansado, e tenta ter disponibilidade para os filhos, para ajudar nos trabalhos de casa e para saber como foi o dia. E para a mulher. Tem o telemóvel disponível para as urgências dos seus doentes e passa a maioria dos fins de semana a trabalhar – e tenta poupar para no período de férias poder fazer aquela viagem que a família sonha.
O senhor doutor tem no fim do mês um ordenado razoável, porque passa os dias a trabalhar. Anda numa correria diária entre 4 trabalhos, e ainda tenta ser um pai presente. Às vezes, os doentes zangam-se ou ficam revoltados porque ele sai do consultório enquanto esperam. “Não me digam que ele tem a lata de ir almoçar?” – ouve-se às vezes. Geralmente come uma empada e bebe um sumo em 5 minutos, e vai à casa de banho em menos tempo – para conseguir atender toda a gente o mais depressa possível. Mas isso os doentes não sabem, só sabem que o senhor doutor se ausentou.
O senhor doutor ama a sua profissão. É por isso que continua neste ritmo louco, num trabalho que afinal não é assim tão bem pago – e que só lhe permite ter a vida que tem porque trabalha ainda mais.
A medicina é tudo para ele. E não se imagina a fazer outra coisa. Mas explica ao filho que se quer ter uma vida boa e tranquila, se calhar é melhor aprender desde cedo a jogar à bola. Aprender uma língua estrangeira. Ou tentar ganhar o euromilhões.
Tive de fazer o teste antes de ir fazer exames que envolvessem radiações. Histerossalpingografia, um nome comprido para um exame chato para quem anda nesta batalha da infertilidade. Tinha acabado de chegar ao estágio, e era o meu dia de fazer estes exames, porque a outra médica tinha um contratempo. Era o primeiro dia de atraso, e se calhar até ia deixar passar mais antes de me meter na aventura dos tracinhos. Mas radiações e uma potencial gravidez não jogavam bem. E a medo, lá confessei que precisava de ir fazer xi-xi para um copinho ( e imaginei que naquele momento eu parecia a interna que-estava-a-arranjar-uma-desculpa-para-não-trabalhar). Dois tracinhos. Dois tracinhos! A sério? Era mesmo a sério! E pronto, este é o momento em que tudo muda. Impressionante como 2 traços têm este poder. De repente, o mundo parece diferente, nós ficamos diferentes, as hormonas ficam diferentes e começa o maior desafio de sempre - ser mãe. Ser a tua mãe. Foi uma verdadeira aventura estar grávida e sentir-te crescer na minha barriga. Ter enjoos e emoções à flor da pele. A ansiedade de saber se está tudo bem. Ouvir a primeira vez o teu coração na ecografia (eu que já fiz tantas, chorei ao ouvir pela primeira vez o teu!) Lembro-me de finalmente ter contado que estávamos à tua espera - a tua avó disse-me que tu ias nascer no dia de anos dela. Eu, com as minhas certezas, disse-lhe que nem pensar, ias nascer de certeza antes, não ias esperar até as 41 semanas. Mas esperaste. E estavas tão confortável na barriga da mãe que ainda tive de induzir o parto - e começamos a indução no dia 17. Mas depois de experimentar os comprimidos, soros, injecções e tantas outras coisas que mandamos fazer às grávidas (passar por todas elas dá-nos uma perspectiva completamente diferente), acabaste por nascer, já depois da meia-noite. No dia dos anos da tua avó, tal como ela disse. 50 anos depois dela nascer. Quando te vi pela primeira vez ( e não choraste logo), tive um medo brutal que algo estivesse errado. Mas ouviste a voz do pai. Abriste muito os olhos. Reconheceste a voz dele. E lá choramingaste um bocadinho. Nunca foste de grandes choros. Ele vestiu-te - com ajuda preciosa, porque subitamente era incapaz de apertar botões pequeninos, achava-te tão frágil. Mas eras forte. Sempre foste forte, decidida. Sabes o que queres. Amámos-te desde os tracinhos e o amor cresce a cada dia que passa. Cresceu quando te sentimos pela primeira vez na minha barriga. Quando nasceste. Quando te pegamos ao colo a primeira vez. Quando sorriste para nós pela primeira vez. Quando começaste a gatinhar, a andar, a falar. A cada conquista, a cada instante, a cada dia. Amamos-te cada vez mais. Hoje é o dia do teu aniversário. Aquele dia especial. Fazes 6 anos, está uma menina crescida. Adormeceste com dificuldade, numa excitação de quem vai acordar para o seu dia especial. Estás ansiosa por ver o bolo, por ouvir os amigos a cantar os parabéns. Pela festa. Não pediste presentes. Só querias que chegasse este dia especial. O teu dia. E o dia que partilhas com a tua avó. Parabéns meu amor. Que sejas sempre feliz.
Estamos finalmente rendidos à chuva e ao regresso dos dias mais cinzentos. Está na altura de renovarmos o guarda-roupa dos mais pequenos, que deram um pulo neste último verão. Há muita oferta de várias marcas, e por isso vou deixar aqui no blog algumas sugestões de marcas e colecções que gosto, algumas portuguesas, algumas estrangeiras. Acima de tudo, gosto de peças com um toque especial, com carisma. Gosto do vintage, mas também os posso vestir num estilo mais cool. Claro que a relação qualidade preço é fundamental. Neste primeiro post, deixo-vos uma marca espanhola muito especial, que conheci através do blog, com peças de qualidade, muito originais e que tem uma colecção para o inverno linda! - Felicia Much. Espreitem um pouco deste Outono-Inverno Felicia Much :
Tenho sorte em fazer o que faço. Em amar a sério esta coisa de ser obstetra, apesar de passar noites acordadas, de ter situações de adrenalina extrema e de andar muitas vezes com o coração nas mãos - ou corações, porque quando tratamos de grávidas temos sempre mais do que uma pessoa à nossa responsabilidade. E a intuição é uma das nossas aliadas. Aquela sensação que temos que nos faz pedir umas análises mesmo sem haver grandes sintomas, porque algo nos murmura que se está a passar alguma coisa. E às vezes é preciso trazer ao mundo um bocadinho mais cedo que o esperado os bebés que estão confortáveis na barriga da mãe, para todos ficarem bem. E há momentos mágicos. Depois de abrir a bolsa amniótica da primeira gémea, ficámos todos emocionados no bloco operatório com a mãozinha rosa e pequena que se estendeu da barriga da mãe. Tivemos todos aquele instinto de querer registar para sempre aquele instante único, e em simultâneo querer tirá-la o mais depressa possível, porque era o certo a fazer. E por isso ajudámo-la a nascer. Foi a primeira, e no minuto seguinte, nasceu a irmã. Mas esta mãozinha, com genica e garra, está no meu coração - e espero que possa ser uma das mãos que nos vai ajudar a construir um mundo melhor.
Esta coisa de se fazer muitas urgências também tem o seu lado complexo. Sim, sou apaixonada pelo que faço, mas noites sem dormir vão-se acumulando e o descanso tem sido muito pouco. Valham-nos uns sumos verdes pela manhã para andar em modo antioxidante, e um anti-olheiras e uns acessórios giros para dar um brilho especial. Vá, e um bom creme anti-rugas (que isto de se ter ar de miúda está para durar!). Setembro é o mês top dos nascimentos - por isso, a maternidade anda num ritmo de frenesim. Hoje é um desses dias (tenho 24 horas à minha espera) Depois de amanhã é a vez de comemorarmos cá em casa, que a menina crescida faz 6 anos. Está tudo preparada, depois de uma noite a cortar e colar. Agora é só esperar que ela ame. Bom dia!
Hoje não apetece sair da cama. Hoje devia ser sábado outra vez (mas desta vez, sem haver trabalho). Hoje devíamos poder aproveitar o tempo os quatro, sem pressas. Mas não. O despertador já tocou, já há mochilas, roupas e pequenos-almoços preparados, e temos de entrar no carrossel, que já se ouve ao longe: "Mais uma voltinha, mais uma viagem!"
Facto: a fada dos dentes existe. Nem outra hipótese se coloca para a miúda. E claro, deixa presentes em troca do dentinho que caiu, que os meninos colocam à noite debaixo da almofada (levar um dente não é coisa para se fazer assim ao acaso, exige uma compensação, afinal de contas foi bem lavadinho desde que nasceu!). Parece que a fada dos dentes utiliza o dente para fazer qualquer coisa que ainda não percebemos bem, mas esse não é o problema principal. Constatações da Mariana: a fada dos dentes não tem critério fixo de atribuição de recompensas em troca dos dentes. Ora bem, há amigas que acordam com bilhetes de cinema debaixo da almofada, com bonecas novas ou com notas de 5 euros. E a ela deixou-lhe pelo primeiro dente uma moeda de 2 euros (que está religiosamente guardada no mealheiro) e neste segundo dente que caiu atrapalhou-se toda e acabou por desenrascar uma moeda de 1 euro depois de uma série de peripécias. Pois, parece que a fada dos dentes andou muito ocupada e se esqueceu de vir buscar o dente - de manhã, o dito cujo continuava debaixo da almofada, nada de moeda e miúda estava zangada com a fada. Então para além de não dar a mesma coisa a todos os meninos, agora andava desleixada no trabalho? Isto não podia ser! Lá tentei explicar que provavelmente andou muito ocupada toda a noite e que não tinha conseguido vir a tempo, para ela tentar outra vez esta noite que agora de dia provavelmente ela não aparecia. Mas a teimosa da miúda lá deixou na mesma o dente - e quando regressou a casa ao fim do dia, vinda de uma festa de aniversário, correu para a cama e lá estava ela - a moeda!! Conclusão: "Mãe, a nossa fada é um bocadinho distraída, não achas? Mas gosto dela na mesma!" (cof,cof)
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