Quando os nossos filhos entram para o ensino básico (a nossa velhinha escola primária) começa todo um mundo de fichas e trabalhos de casa sem fim.
E se no nosso tempo no 1ºano aprendíamos devagarinho as letras e andávamos entre picotados e desenhos, os miúdos de hoje já sabem ler antes do Natal e por esta altura estão a fazer cópias de histórias elaboradas.
Todos os dias há muitas horas de aulas, e mais tantas de trabalhos de casa.
O dia passa num instante, e o tempo para brincar quase que se evaporou.
Eles chegam a casa de noite, e ainda é preciso acabar os TPCs. Vão de férias e levam atrás uma resma de fichas. Num período, têm fichas de avaliação pelo menos duas vezes, com Estudo do Meio, Português e Matemática, Expressão Plástica e Inglês, entre outros, a serem testados como se estivessem na faculdade. Andam em stress aos 6 anos porque não acertaram um problema e porque acham que os pais se vão zangar se não tiverem "Muito Bom" a tudo.
Então e o tempo para brincar? Para correr e saltar? Para crescerem tranquilamente, para serem crianças?
Parece que isso é muito difícil nesta sociedade em que vivemos. Que fomenta a competitividade, que tabela todos os alunos pelas mesmas competências. E, sinceramente, gostava que as coisas fossem diferentes, mas não é fácil.
Se eu mandasse, as horas de aulas seriam reduzidas. Os miúdos passariam mais tempo a ouvir histórias e a brincar na rua. Aprenderiam com mais calma a ler e a escrever, cada um no seu ritmo. Não haveria TPCs nem testes. Passariam mais tempo a conhecer a natureza, e a aprender a respeitá-la. Fariam mais actividades que estimulam a criatividade, e os professores conheceriam cada aluno, sem precisar de notas para os classificar.
No meu mundo ideal, o principal seria que eles crescessem para serem boas pessoas, e não competidores, em luta pelo lugar de topo - porque o topo nem sempre significa felicidade.
Entretanto, neste mundo real,com o ensino actual, o que quero mesmo é que sejam felizes. Sem pressões nem stress. Ler e escrever é maravilhoso, saber contar é muito importante para o dia-a-dia, mas acima de tudo, quero que eles gostem de aprender, que sejam criativos, compreensivos, que ajudem os outros. Por isso, cá em casa não há stress com notas, nem com testes. Há tempo para brincar sempre que possível, há histórias e pinturas.
E sinceramente dispensava TPCs e testes.