Não sei bem o que é isso do "destino". Custa-me pensar que temos a nossa história pré definida. Gosto mais de pensar que viver é ter perante nós um emaranhado de escolhas, que cada dia, cada instante conta para o que fazemos da nossa vida. E que temos o poder de a escrever do modo que entendemos.
Ouço muitas vezes a expressão "pronto, não tinha de ser". Aquela expressão que assume um destino inevitável, que não podemos controlar, do qual não podemos fugir.
Quando se tenta ter um filho e não se consegue, muitos casais assumem que é coisa do destino - "não tinha de ser".
Mas a verdade é que gerar vida é muito mais misterioso e complexo - mais até do que está coisa do destino. Acredito piamente que não fazemos a mínima ideia da maioria dos factores que interferem com a magia da vida - não é possível que seja "só" a junção de dois gâmetas.
E há muitas histórias a provar que o "não tinha de ser" pode mudar a qualquer instante.
O casal com uma infertilidade "inexplicada", que depois de anos e anos de exames, medicamentos, fertilizações in vitro, assumiu que "não tinha de ser", ficaram em paz consigo mesmos, e 3 meses depois da última consulta de infertilidade tiveram uma gravidez espontânea - e hoje, um bebé lindo nos braços.
O casal que depois de anos de tratamentos e médicos, com tentativas infrutíferas para engravidar, se separou, porque afinal de contas, a "culpa" era da mulher e nem ela nem ele suportavam esta culpa e tornou-se impossível manter o amor - ou pelo menos a relação. E no dia em que assinaram os papéis do divórcio, ela foi beber um copo com as amigas, para esquecer, ou comemorar, envolveu-se com um desconhecido - sem proteção, porque não havia o perigo de engravidar - e no mês seguinte descobriu que o "não tinha de ser" tinha mudado. Nunca mais encontrou o tal desconhecido, mas assumiu a gravidez e a menina de cabelos loiros é o grande amor da sua vida.
O casal a quem tinham acabado de anunciar que seria impossível uma gravidez sem tratamentos, porque as trompas da mulher estavam completamente obstruídas - o destino seriam meses de espera para uma FIV, sem certezas que alguma vez resultasse. E dois meses depois, o período desapareceu, e temeram que a situação estivesse ainda mais séria, e que significasse que a menopausa tinha chegado. Mas afinal, os dois tracinhos no teste de gravidez mostraram que os médicos não sabem tudo, que não há impossíveis e que o "não tinha de ser" pode mudar. A barriga de um terceiro trimestre de gravidez prova bem isso.
Sim, a vida é um emaranhado de escolhas. E o destino é o que nós fazemos dele.
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