À noite, no hospital
, 06.12.18
O que se passa num hospital à noite? Basicamente tudo e nada. Podemos percorrer os corredores silenciosos e sentir a tensão do espaço - aquele silêncio que antecede uma explosão de adrenalina, que surge sem aviso prévio.
E se num instante tudo parece estar sossegado, no segundo seguinte há um código vermelho e uma invasão de gente a cumprir o seu trabalho o mais rápido e eficazmente que sabem para que se possam salvar vidas.
Para que a grávida com o súbito descolamento de placenta e um bebé em sofrimento possam ter a melhor hipótese.
Todos os segundos contam.
É preciso correr, de forma bem treinada, e pôr a funcionar a máquina bem oleada que parecia estar adormecida. Em instantes há luzes, um bailado que monta panos e instrumentos cirúrgicos, roupas e luvas e máscaras, o "ok" para começar. E tudo fica em suspenso até se ouvir um choro, inicialmente débil e depois mais intenso. Trocam-se olhares cumplices que dispensam palavras e todos continuam.
E tudo corre bem e volta o silêncio, e esta missão está cumprida.
Mas o hospital nunca dorme.