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Incrivelmente mais difícil que dizer a uma grávida de 43 anos que já é mãe de três meninas que vai ter gémeos, é anunciar a um casal carregado de esperança e sonhos que vem fazer a primeira ecografia que o coração do bebé deles não bate. Aquele minúsculo feijão já era o bebé deles. Desde os dois tracinhos naquele primeiro teste de gravidez que já o imaginavam, já o amavam, já pensavam como seria, se teria o feitio da mãe e os olhos do pai. Já havia listas de nomes para menino e menina. Já havia sonhos para um futuro maravilhoso.
Não, a faculdade de medicina não nos prepara para estas coisas. Nem a experiência. Nem os conselhos dos outros. Nada ajuda a que seja mais fácil dizer a um casal que, afinal, o sonho deles não se vai concretizar.
É das coisas mais difíceis: não se conseguir ouvir o bater do coração do bebe na primeira ecografia.
Para mim é incrivelmente duro, mas para eles é o desmoronar de um sonho.
Resta-me acreditar que tudo acontece por uma razão e partilhar isso com eles - e dar coragem para conseguirem ultrapassar as más notícias e para que voltem a acreditar que a felicidade é possível.