Confissões de uma médica #9
, 19.11.15
Sou boa no inglês, desenrasco-me com o francês, dou uns toques de espanhol.
Apercebi-me, quando vim morar para o sul, que precisava mesmo saber muitas línguas, porque todos os dias há grávidas de nacionalidades diferentes que precisam de um obstetra. É fantástico conhecer grávidas do Egipto, do Nepal, da Ucrânia e de El Salvador no mesmo dia. As grávidas da Guiné trazem uma espécie de cinto protector da gravidez, as holandesas querem tudo o mais natural possível.
Eu faço a minha parte de médica, mas acima de tudo, aprendo muito com elas, e com os seus costumes.
E nos casos em que a única maneira de comunicar é, literalmente, chinês (como me aconteceu hoje!), a solução é mesmo ir ao Google translator e passar a ser também fluente em mandarim (pelo menos, com um computador por perto!).
Depois, é preciso atravessar a barreira linguística e cultural, e encontrar a linguagem comum: o som do bater do coração do bebé é a linguagem universal do amor. Todas as grávidas percebem que aquele barulho ritmado é o coração do seu bebé, e este é o som que tranquiliza qualquer nacionalidade.