Diabetes na gravidez
, 12.08.16
A diabetes é um problema de saúde universal, que pode surgir em qualquer idade da vida.
A diabetes gestacional define-se como qualquer grau de intolerância aos hidrato de carbono diagnosticado ou detectado pela primeira vez no decurso da gravidez.
Sabe-se que há uma relação linear entre os valores da glicemia materna (açúcar no sangue) e as mobilidade materna, fetal e neonatal.
Ou seja, valores persistentemente elevados de açúcar no sangue da grávida podem originar excessivo crescimento do feto (macrossomia) associado a problemas no parto (distócia de ombros, aumento da taxa de cesarianas, hipóxia perinatal, aumento dos partos instrumentados) e aumentam a probabilidade da grávida, no futuro, desenvolver uma diabetes.
Para além disso, a exposição à diabetes no meio intra-uterino está associado a um risco acrescido do filho ter excesso ponderal e obesidade no início da infância, maior risco de diabetes tipo 2 e aumento do risco cardiovascular - o conceito de "programação fetal".
Na fase inicial da gravidez, o aumento das hormonas da gravidez origina uma baixa de açúcar, promovendo a acumulação de gordura e aumentam o apetite. À medida que a gestação progride, os níveis de açúcar no sangue após as refeições vão aumentando, à medida que a sensibilidade à insulina diminui. Para que se mantenha um bom controlo do nível da açúcar no sangue durante a gravidez, é preciso que haja um aumento suficiente da produção de insulina pela mãe para contrariar a queda na sensibilidade à insulina. A diabetes gestacional ocorre quando a secreção de insulina não é suficiente.
Há factores de risco para a diabetes gestacional: idade igual ou superior a 30 anos, antecedentes familiares de diabetes tipo 2, obesidade, multiparidade (4 ou mais partos), 2 ou mais abortos espontâneos, morte perinatal anterior, macrossomia fetal, diabetes gestacional em gravidez prévia.
Para além disso, a estrutura social e o estilo de vida têm sofrido alterações nos últimos anos, que se reflectem nas características da mulher, que engravida mais tarde e tem excesso de peso ou é obesa, situações muitas vezes associadas a défice de produção de insulina.
O tratamento é baseado numa auto vigilância glicémica rigorosa (implica que a grávida faça picadas regulares para saber o seu nível de açúcar no sangue) e num plano alimentar personalizado e de acordo com o estado nutricional da grávida, tendo em conta o IMC prévio à gravidez e o ganho ponderal durante a mesma . A ingestão de água é recomendada, e as bebidas alcoólicas desaconselhadas. O exercício regular deve ser estimulado, preferencialmente a marcha e sobretudo após as refeições.
DICA: Se os objectivos terapêuticos (glicemias em jejum entre 60-90 mg/dl e 1h após início das refeições entre 100-120 mg/dl) não forem atingidos num período de 1 a 2 semanas após a instituição das medidas não farmacológicas, então será necessário iniciar terapêutica com insulina, que é o tratamento preferencial, apesar de já existirem diversos estudos com antidiabéticos orais.
A ecografia às 29-33 semanas, para avaliar o crescimento fetal, pode determinar o inicio e/ou intensificação da terapêutica com insulina.