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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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Guia para um parto inesperado

Avatar do autor , 16.11.15

Pois é, nem sempre os bebés nascem com dia e hora marcada. Ou melhor, na realidade é muito difícil saber quando é que se vai dar este grande acontecimento, e pelo sim, pelo não, é melhor estar preparado. 

Sim, pais, este post é especialmente para vocês, porque na maioria das vezes é o pai que está  acompanhar a grávida quando esta entra em trabalho de parto, mas também pode ser útil para a amiga, os colegas de trabalho ou para a vizinha que está com a grávida na hora H. Há bebés apressados, que não querem esperar até chegar à maternidade, e por isso quem está por perto tem de dar o seu melhor para ajudar. Claro que o mais importante é dirigir-se para o hospital ou pelo menos ligar o número de emergência, mas se o parto for mesmo eminente, então mais vale saber o que fazer.

Ok, vamos então aos passos fundamentais:

1.  não vale a pena entrar em pânico se nos apercebemos que o bebé da nossa grávida preferida está prestes a nascer. Partos inesperados dão sempre boas histórias para contar em jantares de amigos, e geralmente são os mais fáceis e os que correm melhor.

2. Se por acaso vão a caminho do hospital, é boa ideia parar o carro num lugar seguro, e ligar os quatro piscas. E ligar ao 112 a explicar a situação, enquanto se fazem os restantes preparativos. Nos restantes casos, é boa ideia arranjar um local o mais confortável possível para deitar a grávida.

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3. Se a grávida está no banco do carro e diz que tem muuuuuita vontade de fazer força, então é melhor estar preparado para o que se segue: o nascimento do bebé. Sim, é melhor estar preparado para agarrar o que aí vem (coragem e nada de medo do líquido amniotico ou de sangue). E acima de tudo, ir tranquilizando a grávida e dizer-lhe para respirar com calma.

4. É boa ideia arranjar algo limpo para colocar no banco, como a camisa do pai, ou um casaco, porque na maioria das vezes aquela coisa dos lençóis e água quente está a kms de distancia, e devemos tornar o local o mais confortável possível para grávida e bebé. 

5. Manter a calma e quando se começar a visualizar uma cabecinha cabeluda, ajudar a saída dos ombros e do resto do corpo.  Colocar o bebé em cima da mãe.

6. Se o bebé chorar logo, óptimo. Se não chorar mas estiver a respirar normalmente, óptimo também. Se parecer com alguma dificuldade, esfregar vigorosamente as costas do pequenino (sem exageros, claro). Secá-lo bem e deixar em contacto com a pele da mãe.

7. Se até a este ponto o pai não desmaiou, excelente. Mas ainda há mais a fazer, se entretanto não chegou ajuda. O bebé está ligado à placenta pelo cordão umbilical, e esta demora algum tempo a descolar do útero da mãe. É preciso cortar o cordão  quando ele deixa de pulsar. Não havendo material médico por perto, os atacadores do sapato podem servir muito bem, para dar um nó na porção junto ao bebé e outro alguns cms afastado do primeiro, mais próximo do lado uterino. Depois é preciso cortar no meio (com sorte o pai tem um daqueles canivetes à McGyver, que já esterilizou previamente com o isqueiro). 

8. Nos filmes é mais ou menos nesta fase que chega a ajuda e o pai, ou quem fez o parto, é o herói. A mãe e o bebé devem ser transportados ao hospital para serem avaliados pela equipa médica, que se assegura que está tudo bem. 

9. Também é  mais ou menos nesta parte que toda a gente se apercebe que não houve tempo para epidural, para ctg, para soros e para episiorrafias, e que ainda falta sair a placenta, se isso ainda não aconteceu. O pai sente-se um profissional nesta arte dos partos e já planeia fazer o parto do próximo filho  - mesmo antes de desmaiar de todo o stress.

 

 

 

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