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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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Parabéns, meu amor

Avatar do autor , 18.09.17

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Quando disse à tua avó que estava grávida, ela fez as contas sem precisar da minha rodinha de obstetra e disse que ias nascer no dia de anos dela. Eu respondi que era muito pouco provável, porque o dia 18 de setembro já calhava nas 41 semanas. 

A verdade é que não estavas com pressa de nascer. Devias estar quentinha e confortável - e eu confesso que te adorava sentir mexer na minha barriga, e ter-te ali, protegida do mundo e só minha.

 

Mas a evidência científica da medicina diz-nos que a partir de um certo ponto começamos a arriscar quando esperamos para além das 41 semanas, por isso, decidimos induzir o parto.

 

No dia 17 ainda vesti a farda da maternidade, como se estivesse de urgência naquele dia, com a diferença que o teu pai estava comigo. Foi preciso colocar 1 comprimido, subir e descer escadas pelo hospital, ir almoçar à cantina com os outros colegas, subir e descer mais escadas, fazer CTGs. Colocar outro comprimido. Andar, andar. Quando finalmente começaram as contrações e a bolsa rompeu já estavamos no final do dia. E apesar de achar que ia ser muito forte e conseguiria controlar perfeitamente a dor, estava redondamente enganada e a foi a epidural que tornou as horas seguintes numa espera tranquila.

Isto para te dizer, minha querida, que a dilatação lá foi avançando devagarinho, e que só decidiste que estava na altura de nascer já passava da meia-noite.

 

No dia 18 de setembro, tal como a tua avó previra. Exatamente no dia de anos dela.

 

Confesso-te que esperava que o parto fosse mais fácil. Mesmo com a epidural, tinha uma dor forte, porque a tua cabeça não estava bem rodada. Foi preciso dar-te uma ajuda com a ventosa. Com o nervoso, a dor e as emoções à flor da pele, eu só conseguia rir. Eu sei, é parvo, mas em stress muitas vezes dá-me para isso.

Enfim, lá te demos uma ajuda a nascer. Ficaste em cima da minha barriga, de olhos muito abertos, como que a perceber o que estava a acontecer.

 

 

18 de setembro de 2008, às 01:49.

Aquele instante em que te vimos pela primeira vez, e que mudou a nossa vida para sempre.

 

A partir desse momento, não me lembro de mais nada do parto. Não me lembro de pontos nem da placenta a sair. Não me lembro se tive dor. Só me lembro de estar a olhar para ti, enquanto o pai te vestia, e pensar na maravilha que era estares ali. No milagre que é o amor de duas pessoas dar origem a um ser pequenino e tão perfeito.

 

A nossa vida mudou. Preencheste-a duma maneira inexplicável. Mostraste-nos emoções desconhecidas, e juntos começamos uma nova aventura. Ensinaste-nos o que é amar incondicionalmente.

 

Hoje comemoramos o teu nascimento. Passaram 9 anos mas lembro-me de tudo como se fosse há instantes.

E parece-me inacreditável que estejas tão crescida, tão bonita, tão pré-adolescente. Porque ainda ontem te aconchegavas no meu colo para dormir, porque o berço parecia ter picos. Porque ainda ontem pedias a chucha para dormir. Porque ainda ontem usavas fraldas e precisavas que te ajudassemos em tudo. Porque ainda ontem aparecias a meio da noite no nosso quarto, pé ante pé, e te aconchegavas sorrateiramente entre a mãe e o pai.

 

Parabéns meu amor. Espero que sejas muito, muito feliz, sempre. E que te possamos acordar a cantar os "Parabéns a você", tal como fizémos hoje, por muitos e longos anos, para ver o teu sorriso e aquele brilho mágico no teu olhar.

 

 

 

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