Sobre médicos mais humanos
, 15.11.16
Fala-se cada vez mais sobre humanização dos cuidados de saúde. Humanização do parto. Humanização do atendimento. Humanização? Mas nós não somos humanos?
A verdade é que o grande desenvolvimento científico e tecnológico dos últimos anos não foi acompanhado pelo respetivo desenvolvimento no "cuidar". Andamos tão focados em números, medicamentos, máquinas de ressonância magnética e robots que fazem uma cirurgia por nós que nos esquecemos de quem somos.
Mas nós somos humanos. Mesmo com tecnologia e acesso ao último grito da ciência, a humanidade é o que nos define.
Ser humano implica falarmos com as pessoas. E ouvirmos. E acredito que para sermos bons médicos, temos de dialogar com quem nos procura. Ter tempo, sensibilidade, simpatia.
A humanização não pode ser um item numa lista para um serviço ter uma acreditaçao qualquer. A humanização tem de estar sempre connosco.
Porque nem os médicos, nem os doentes são máquinas. Temos necessidades básicas, temos emoções, somos complexos e trazemos connosco todo um mundo - desde a nossa cultura, à nossa religião, às nossas convicções.
E enquanto nos respeitarmos mutuamente, e tivermos tempo para dialogar, vamos continuar humanos.
[falei sobre Humanização nos Cuidados de Saúde no Congresso Nacional de Estudantes de Medicina no Porto, que se tiverem curiosidade podem ver aqui, e há mais sobre este assunto no livro "Confissões de uma Médica" ]