Sobre os "sítios para deixar crianças"
, 07.11.17
Nos dias de hoje, não há hotel nem centro comercial que se preze que não tenha uma sítio para as crianças brincarem, sob supervisão especializada (vulgos monitores), a troco de alguns euros por hora, enquanto os pais vão "fazer alguma coisa" - seja compras, massagens, ir ao cinema ou seja lá o que for. Uma espécie de "depósito de miúdos", perdoem-me a expressão.
Eu confesso: isto comigo não resulta. E faz-me francamente confusão. Em primeiro lugar porque as nossas crianças passam os dias inteiros na escola, supervisionados por alguém que não os pais, e só os vêm (a grande maioria) de manhã, de fugida, e à noite, entre banhos e jantares.
Depois, porque quando saímos juntos para passear ou vamos passar um fim de semana a um hotel, o nosso objetivo é passarmos tempo de qualidade em família.
Ora o conceito "em família" implica "todos", incluíndo os miúdos. E termos tempo juntos é bom - não é preciso estarmos sempre colados uns aos outros, mas partilharmos espaços e experiências, é bom para todos - nós precisamos de conhecer os nossos filhos, eles precisam da nossa perspetiva de ver o mundo para crescerem.
Por isso, não consigo deixar lá os meus filhos e ir descansada à minha vida, como vejo tanta gente fazer. O tempo é precioso e eles são a minha vida.
Portanto, queridos senhores dos centros comerciais e hotéis, esqueçam os "depósitos de crianças". O que eu adoro é que façam parques infantis na rua, com terra e árvores e muita luz, com muita coisa para eles brincarem, subirem, saltarem e baloiçarem - e uns banquinhos para os pais se sentarem a ler um livro e sempre que preciso ajudar a subir ao escorrega, ou conversar sobre as folhas que estão a cair porque é outono.