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Café, Canela & Chocolate

O site da autora Sofia Serrano. Conversas de uma mãe, que é médica Ginecologista/Obstetra e adora escrever. Com sabor a chocolate.

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Confissões de uma médica: as expectativas da gravidez e parto perfeitos

Avatar do autor , 11.04.19

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As expectativas são coisas difíceis de gerir. Semente que germinam e crescem sem aviso prévio e nos condicionam em cada passo. Criamos expectativas toda a vida: do que vamos ser, do que vão ser as outras pessoas para nós, de como queremos viver.

Em particular na gravidez, as expectativas podem ser difíceis de gerir.

É muito fácil imaginar uma gravidez bonita e tranquila, um parto natural rápido, um bebé perfeito. É o que vemos no instagram e nas revistas, nas redes sociais.

 

Mas as expectativas não nos preparam para uma gravidez na cama por contrações antes do tempo, para vómitos constantes, para um parto arrastado e um nascimento por cesariana porque o bebé não estava bem posicionado. Não nos preparam para que o corpo mude, para que não responda como nós imaginamos. Não nos prepara para não suportarmos a dor nem para conhecermos o nosso bebé no frio de um bloco operatório.

 

Quando se trata de gravidez, eu gosto de pensar que temos de regular as expectativas do nível “perfeição de instagram” para o nível “correu tudo bem com o bebé e a mãe”.

É duro fazermos este ajuste, a nossa natureza pede-nos sempre o que idealizámos.

 

Mas no final, o mais importante é mãe e bebé estarem bem - mesmo que isso signifique um parto por cesariana ao fim de muitas horas de trabalho na tentativa de um parto normal como se sonhou.

Data (im)prevista de parto

Avatar do autor , 17.11.18

 

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Quando o teste de gravidez dá positivo, uma das primeiras curiosidades que queremos ver esclarecida é a data do parto: afinal, quando é que o bebé vai nascer? Qual o dia certo?  

Os obstetras calculam a data do parto 40 semanas após o primeiro dia da última menstruação. Andamos munidos de uma rodinha que nos auxilia nas contas e geralmente dizemos que esse dia é a "data provável do parto". 

"Provável", porque sabemos que só 20% dos bebés irá efetivamente nascer nesse dia. Alguns decidem nascer antes, outros depois. 

Por isso, quando me perguntam, geralmente no 3º trimestre, se acho que o bebé vai nascer na data estimada ou se será antes, eu respondo sinceramente que não faço a mínima ideia. Porque mesmo nas gravidezes em que tudo está a decorrer como esperado podemos ter surpresas de última hora.

 

Pois. A grávida que acabei de ver na consulta e a quem disse que me parecia que ainda não estava na hora porque não tinha contrações nem dilatação pode romper a bolsa ao sair do consultório e lá se vai a data prevista.

O marido que estava com duvidas se devia viajar para outro país na 37ª semana de gestação (porque apesar de não haver sombras de contrações e tudo estar aparentemente bem, e de eu lhe ter dito que ACHAVA que o parto não iria ser nessa semana) pode ter de regressar à pressa para conseguir assistir ao nascimento do filho.

E os meus planos durante uma semana completa para ir ao ginásio depois das consultas são adiados, porque as grávidas que eu ACHAVA que só teriam o parto nas semanas seguintes decidem que está na hora do grande momento.

 

Isto para dizer que a data prevista de parto é meramente uma estimativa e que é muito mais provável o bebé nascer...quando quiser. E que para se ser obstetra, a agenda tem de ser mesmo muito flexível - e o mais provável é que os nossos planos saiam sempre furados. Mas no fundo, desde que tudo corra bem, com mãe e bebé saudável, este é mesmo o charme da profissão ;)

 

Instagram

 

 

 

 

Confissões de uma Médica #16: sobre o destino

Avatar do autor , 06.07.17

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Não sei bem o que é isso do "destino". Custa-me pensar que temos a nossa história pré definida. Gosto mais de pensar que viver é ter perante nós um emaranhado de escolhas, que cada dia, cada instante conta para o que fazemos da nossa vida. E que temos o poder de a escrever do modo que entendemos.

 

Ouço muitas vezes a expressão "pronto, não tinha de ser". Aquela expressão que assume um destino inevitável, que não podemos controlar, do qual não podemos fugir. 

 

Quando se tenta ter um filho e não se consegue, muitos casais assumem que é coisa do destino - "não tinha de ser".

Mas a verdade é que gerar vida é muito mais misterioso e complexo - mais até do que está coisa do destino. Acredito piamente que não fazemos a mínima ideia da maioria dos factores que interferem com a magia da vida - não é possível que seja "só" a junção de dois gâmetas.

 

E há muitas histórias a provar que o "não tinha de ser" pode mudar a qualquer instante.

 

O casal com uma infertilidade "inexplicada", que depois de anos e anos de exames, medicamentos, fertilizações in vitro, assumiu que "não tinha de ser", ficaram em paz consigo mesmos, e 3 meses depois da última consulta de infertilidade tiveram uma gravidez espontânea - e hoje, um bebé lindo nos braços.

 

O casal que depois de anos de tratamentos e médicos, com tentativas infrutíferas para engravidar, se separou, porque afinal de contas, a "culpa" era da mulher e nem ela nem ele suportavam esta culpa e tornou-se impossível manter o amor - ou pelo menos a relação. E no dia em que assinaram os papéis do divórcio, ela foi beber um copo com as amigas, para esquecer, ou comemorar, envolveu-se com um desconhecido - sem proteção, porque não havia o perigo de engravidar - e  no mês seguinte descobriu que o "não tinha de ser" tinha mudado. Nunca mais encontrou o tal desconhecido, mas assumiu a gravidez e a menina de cabelos loiros é o grande amor da sua vida.

 

O casal a quem tinham acabado de anunciar que seria impossível uma gravidez sem tratamentos, porque as trompas da mulher estavam completamente obstruídas - o destino seriam meses de espera para uma FIV, sem certezas que alguma vez resultasse. E dois meses depois, o período desapareceu, e temeram que a situação estivesse ainda mais séria, e que significasse que a menopausa tinha chegado. Mas afinal, os dois tracinhos no teste de gravidez mostraram que os médicos não sabem tudo, que não há impossíveis e que o "não tinha de ser" pode mudar. A barriga de um terceiro trimestre de gravidez prova bem isso.

 

Sim, a vida é um emaranhado de escolhas. E o destino é o que nós fazemos dele.

 

Mais histórias destas aqui.

 

 

 

 

Querem ganhar um livro para as férias?

Avatar do autor , 01.08.16

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Agosto é um dos meus meses preferidos. Há férias, há tempo para estar com a família, há calor e praia.

Uma das coisas que eu gosto nas férias é de ter tempo para ler um livro - continuo a adorar o cheiro do papel, passar as páginas, sentir a história na ponta dos dedos :)

 

Porque aposto que há por aí mais gente como eu, que também gosta de ler nas férias, tenho para oferecer um livro "Confissões de uma Médica" a um leitor do blog.

 

O que é que têm de fazer?

É muito simples:

- deixar um "gosto" na página de facebook do Café, Canela & Chocolate

- partilhar a foto do livro (partilha pública) que vai estar no facebook do blog e deixar em comentário o nome de três amigos (tag)

 

 

 

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